Por Ingra Maia. Disponible en Español y Portugués.

Tingimento natural: um saber/fazer experimental / Teñido natural: saber y práctica experimental

Existem diversas formas de fazer tingimentos naturais, técnicas distintas e outras variáveis de acordo com local, cultura, clima, possibilidades financeiras e de acesso a produtos e ferramentas auxiliares.

Hay varias formas de hacer los tintes naturales, diferentes técnicas y otras variables según la ubicación de uno, su cultura, el clima, las posibilidades financieras y su acceso a productos y herramientas auxiliares.

O interessante desse resgate ao tingimento natural, que vem ocorrendo principalmente na última década, é que ele acontece em um tempo em que é possível respeitá-lo enquanto saber experimental. Esse momento é crucial, porque na nossa cultura ocidental, historicamente, existe uma tendência a se buscar uma universalização, padronização, e hierarquização de todo o conhecimento que interessa. 

Lo más interesante de este redescubrimiento del teñido natural, que ha ocurrido principalmente en la última década, es que pasa en un momento en que es posible respetarlo como un conocimiento experimental. Este momento es crucial, porque en nuestra cultura occidental, históricamente, existe una tendencia a buscar la universalización, la estandarización y la jerarquía de todo el conocimiento que uno tenga interés.

Não acredito que haja ou que deva se esperar que haja um manual definitivo sobre tingimento natural. É um saber em constante mutação, de possibilidades múltiplas, formadas, por sua vez, de outros saberes múltiplos. 

No creo que haya o deba esperarse que crien un manual definitivo sobre el teñido natural, porque es un conocimiento en mutación constante, de múltiples posibilidades, formadas a su vez, de otros conocimientos múltiples.

Isso quer dizer que sou contra a criação de métodos no âmbito dos processos de tingimento artesanal? Não! – acho que isso pode nos agregar muito, contanto que não dependamos disso pra legitimar nosso trabalho, ou que marginalizemos outros tipos de saber/fazer apenas porque não seguem determinada forma.

¿Significa esto que no estoy a favor de crear métodos en el contexto de los procesos de teñido artesanal? ¡No! – Creo que esto puede agregarnos mucho, siempre y cuando no dependamos de ellos para legitimar nuestro trabajo, o que marginalicemos otros tipos de conocimiento / saber solo porque no siguen un determinado processo.

Digo isso porque as concepções de tingimento natural variam muito. Há gente que busca durabilidade e boa fixação, como também há gente que gosta de ter peças que mudam conforme seu próprio tempo, mesmo que isso implique desbotamento de cor. Buscamos dos tingimentos naturais o mesmo resultado e durabilidade dos tingimentos sintéticos? Mas também, por outro lado, queremos algo que desbote tão rapidamente? Estamos dispostos a olhar para o que é feito de maneira natural e compreender sua temporalidade própria, mesmo tendo sido criados em um mundo em que a presença dos produtos industrializados e sintéticos é tão disseminada? E como podemos obter o melhor resultado possível de nossos tingimentos, em termos de produção e conservação?

Digo esto porque las concepciones del teñido natural varían mucho. Hay personas que buscan durabilidad y buena fijación, así como hay personas a las que les gusta tener piezas que cambian según su propio tiempo, incluso si esto implica desvanecimiento del color. ¿Esperamos de los tintes naturales el mismo resultado y durabilidad que tienen los tintes sintéticos? Pero también, por otro lado, ¿queremos algo que se desvanezca tan rápido? ¿Estamos dispuestos a ver lo que se hace de forma natural y comprender su propia temporalidad, a pesar de vivirmos en un mundo en que la presencia de productos industrializados y sintéticos está tan extendida? ¿Y cómo podemos obtener el mejor resultado posible de nuestros tintes, en términos de producción y conservación?

Essas são algumas questões a se considerar na nossa ética de consumo e trabalho, e claro, pra cada pessoa cada ponto tem mais ou menos peso, e não há certo ou errado. O importante é que seja possível continuar experimentando. Só assim essa arte pode se manter viva enquanto fazer experimental.

Estas son algunas preguntas a tener en cuenta en nuestra ética de consumo y trabajo, y por supuesto, para cada persona, cada tema tiene más o menos peso, y no hay correcto o incorrecto. Lo importante es que sea posible seguir con la experimentación. Solo así poderá esta arte mantenerse viva como un saber experimental.

Por Ingra Maia 

 

Tecelã, pesquisadora têxtil e criadora da Péplos, uma marca de mantos artesanais, que nasceu em 2017, em São Paulo, Brasil, inspirada pelas formas ancestrais de vestir e das técnicas de tecelagem utilizadas para esse fim. A palavra grega ‘Péplos’ remonta aos antigos mantos cerimoniais que eram tecidos por meses, geralmente por mulheres, e, depois de finalizados, oferecidos às imagens das deusas cultuadas na Grécia Antiga.

https://www.instagram.com/peplos_/?hl=pt-br

Paulista de 25 anos de idade e é formada em Ciências e Humanidades pela Universidade Federal do ABC, tendo feito diversos cursos técnicos e livres na área de Moda em instituições como o SENAI-SP e a Escola São Paulo. Na fase inicial de sua pesquisa na área de moda, por volta de 2013, teve seu primeiro contato com tingimento natural, e posteriormente, em 2015, fez seu primeiro curso de tecelagem manual em tear de pente liço. A paixão pelo fazer manual cresceu cada vez mais e em 2017, criou a Péplos para transformar a inspiração em fazer prático. Em 2018 fez uma imersão em tecelagem em tear de cintura e tear mapuche no Chile, aprofundando seu repertório sobre trabalhos manuais artesanais de povos tradicionais latinoamericanos. Seu principal interesse e tema de pesquisa atualmente é a relação do ser humano com o fazer e vestir têxtil, suas percepções sensoriais, e a influência dos têxteis e do trabalho manual em si no pensamento/ conhecimento/ sentimento de mundo. É particularmente influenciada pela corrente do ecofeminismo e pelas filosofias latinoamericanas que falam sobre a descolonização do pensamento e do viver.

Tejelana, investigadora textil y creadora de Péplos, una marca de mantos hechos a mano, que nació en 2017, en São Paulo, Brasil, inspirada en las antiguas formas de vestir y las técnicas de tejeduria utilizadas para este propósito. La palabra griega ‘Péplos’ se remonta a las antiguas túnicas ceremoniales que eran tejidas durante meses, generalmente por mujeres, y, una vez terminadas, ofrecidas a las imágenes de las diosas adoradas en la antigua Grecia.

https://www.instagram.com/peplos_/?hl=en

Paulista, de 25 años y graduada en Ciencias y Humanidades por la Universidad Federal de ABC, ha tomado varios cursos técnicos en el área de Moda en instituciones como SENAI-SP y Escola São Paulo. En la fase inicial de su investigación en el área de la moda, alrededor de 2013, tuvo su primer contacto con el teñido natural, y más tarde, en 2015, tomó su primer curso de tejido manual en telar de peine. La pasión por las artes manuales creció más y más y en 2017, creó Péplos para transformar la inspiración en práctica. En 2018, tomó clases de telar de cintura y telar mapuche en Chile, profundizando su repertorio en artesanías tradicionales latinoamericanas. Su principal interés y tema de investigación hoy en día es la relación entre los seres humanos y la fabricación y el uso de textiles, sus percepciones sensoriales y la influencia de los textiles y el trabajo manual en sí mismo para pensar / conocer / sentir el mundo. Es particularmente influenciada por la corriente del ecofeminismo y por las filosofías latinoamericanas que hablan sobre la descolonización del pensamiento y la vida.